Eram 7:16 horas da manhã do dia 23
de Março. Acordo com uma melancolia mas também com um stress, sem saber muito
bem como isso é possível. Lembro-me de sentir uns arrepios na barriga, tipo…
“borboletas”, um sinal evidente de nervosismo. Corro de imediato para a janela,
à espera que este objecto comum e cheio de informação me
relatasse uma boa notícia… “que não chova, por favor!”
A manhã em Avessadas estava
cinzenta, com alguns raios de sol a tentar a todo o custo empurrar as nuvens
para parte incerta. Podiam estas nuvens ir para qualquer lado menos ficar em Avessadas,
desejava eu. Entretanto, recebo uma chamada da coordenadora Ana Caramez para
partilharmos algumas informações. Sentia na voz dela ansiedade e esperança de
que o tempo melhorasse. Estavam a sair de Viana do Castelo e no tempo que
demorava até à sua chegada, fiz os últimos preparativos para esse dia.
Por fim, chegou a hora de nos encontrarmos todos no convento do Menino Jesus de Praga em Avessadas. O dia
estava a ficar lindo e o tempo a nosso favor. O sol brilhava intensamente,
fazendo justiça a um lindo dia de primavera. Pela escadaria do convento, bastantes gotinhas a conviviam, cheios de alegria. E, num instante vejo-me
rodeado por conhecidos e grandes amigos, a partilharem também comigo esse grande
sentimento que me estava deveras a faltar nos últimos dias. Após alguns
momentos de espera, pois faltavam os amigos de Moinhos da Gândara, entramos
para a igreja, com o propósito de fazer a apresentação dos diferentes grupos
participantes de Avessadas, Paços de Gaiolo, Viana do Castelo e Moinhos, uma
vez que os de Braga e de Aveiro chegariam mais tarde. Iríamos rezar ao Menino e
depois carminhar. A Ana Caramez
estava a apresentar o movimento, dando as boas vindas a todos. Até aqui tudo
bem! Contudo, ela tem a proeza de referir o meu nome e dizer que seria também a
minha vez de falar. Oh diabos! Pensei
para mim. É das coisas que mais me custa fazer, nunca gostei de ser o centro
das atenções, nem de falar para tanta gente e todos a olhar para mim. Mas teria
de ser… como dizia Lao-Tsé “um longo caminhar começa com o primeiro passo” e
esse teria de ser o meu.
Caminhamos em direcção ao Castelinho
e lá rezamos um pouco e, continuamos a caminhar, cada um com as suas tarefas e
preocupações. À medida que percorríamos caminho, cada vez mais as nuvens se
aglomeravam por cima de nós e outras mais vinham logo atrás, mas resistimos pois quando a caminhada fica dura, só os duros continuam a caminhar. Após
poucas horas de caminho, e com algumas paragens pelo meio, chegamos ao destino,
Tongóbriga. O sítio é lindo, mas com as barrigas a reclamar por alimento, o
passeio ficava então para mais tarde. Almoçamos e passamos um bom bocado a
conviver, a alegria nunca faltou. Todavia, a minha cabeça estava sempre com uma
preocupação, a minha mãe estava internada e chegava nesse dia a casa. Como é
normal, queria estar presente e transmitir-lhe todo o carinho e alegria que me
foi transmitido ao longo do tempo que estive na CaRminhada.
Mais tarde, soube que fizeram uma
prece pela minha mãe, para que o seu estado de saúde melhorasse o que de facto aconteceu e ela agora
está bastante melhor. Por isso deixo agora a minha prece… Não deixem de
CaRminhar com o Carmo Jovem, precisamos de todas as gotinhas para não morrer. E
“mesmo que já tenha feito uma longa caminhada, haverá sempre mais um caminho a percorrer”,
frase proferida por Santo Agostinho.
Obrigado
a todos pela presença e um obrigado especial ao grupo de jovens GPS que nos
ajudaram a fazer as lembranças…
A gotinha Zé Filipe
Sem comentários:
Enviar um comentário