domingo, 31 de março de 2013

Deus e a ciência


Confiar em Deus e ao mesmo tempo confiar na Ciência sempre foi algo muito difícil. Parecem duas ideias que simplesmente não podem viver na mesma cabeça, tão contraditórias quanto o Bem e o Mal. Por essa noção, durante muito tempo apenas se aceitou uma ou outra, e aquela que não se aceitava deveria ser perseguida e destruída. É uma questão interessante, mas pela qual já demasiados erros foram cometidos, e demasiado sangue derramado.
Existem realmente pontos importantes em que a Palavra do Senhor "não concorda" com a palavra dos cientistas:
A Bíblia diz que Deus chegou à criação do Homem em apenas seis dias enquanto factos arqueológicos nos dizem que o Universo tem vários milhares de milhões de anos. Outro ponto de confronto é o mais importante acontecimento da religião cristã, a ressurreição de Jesus Cristo. A Ciência afirma categoricamente que nenhum ser humano pode morrer e ressuscitar três dias depois. Segundos sim, minutos talvez. Dias é impossível, o cérebro nunca conseguiria recuperar.
Há várias maneiras de perceber isto, se estivermos dispostos a pensar um pouco. Os sete dias de que a Bíblia fala são muito relativos, pois para os povos que escreveram o Génesis, sete dias representava muito tempo, bem mais que uma típica semana. Eram gente diferente, pensavam de maneira diferente. Quanto à ressurreição, eu li há uns tempos um texto muito interessante sobre isso, cujo autor já não me recordo. Mas ele explicava que se tivesse sido encontrado o corpo de Jesus, nem por dois minutos aguentaria a ideia de que ele tinha ressuscitado. E o corpo não podia ter sido roubado, o túmulo de um líder que aclamava ser o Messias e prometia a sua ressurreição estava fortemente vigiado. Jesus ressuscitou de facto, e isso é algo que a Ciência nunca conseguirá compreender porque não é suposto ser compreendido. Deus é muito mais que nós, e a sua verdade é muito mais que a nossa.


Estou aqui a apoiar a Religião, mas estudo Bioquímica. Gosto de pensar em mim como um fervoroso cristão, mas estudo algo que não é a sua direta palavra, algo que outros homens disseram e expuseram, pregando como profetas. Estarei em contradição? É Deus ou a Ciência? Mendel deve ter encarado esta mesma questão, enquanto trabalhava com as suas ervilheiras, manipulando-as à procura de respostas. Um padre tornou-se o pai da Genética graças aos seus esforços. Esteve ele também em contradição? Arrisquei refletir sobre isso, e cheguei à minha conclusão pessoal de que embora Deus nos ensine muito, ele não nos diz tudo. E criou a nossa espécie com um atributo muito especial, a curiosidade. É ela que nos faz procurar outras verdades para além das que nos contam, e na verdade aquilo a que chamamos Ciência é apenas a procura da verdade de Deus, não só a que está nos livros mas em cada objeto e ser vivo à nossa volta. Tudo é obra de Deus, e como cientistas curiosos, temos a obrigação de descobrir como Deus fez aquilo!

Auguste Rodin, A mão de Deus

Conjugar a fé com o que vemos todos os dias é uma árdua tarefa. Para muita gente parece impossível, para outros que não desistem, é uma luta diária. Mas é algo por que vale a pena lutar. Porque acreditando em Deus, estamos seguros. E nessa segurança, temos tudo o que precisamos para nos arriscarmos e pôr à prova todas as nossas capacidades. Não é mais que o nosso dever para com o nosso Pai.

A gotinha João Sequeira

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