Já há algum tempo que sabia da existência do Kerit, mas
nunca me tinha sentido capaz de fazer um retiro, achava que era preciso uma
disponibilidade mental que não possuía.
Até que este ano, algo me empurrou para o Santuário do
Menino Jesus de Praga. Era um sentimento de necessidade de parar a minha vida
rotineira durante uns dias e voltar a fazer silêncio.
No entanto, foi na nossa primeira oração do Kerit que me
apercebi de quão longe de Deus tinha andado durante os últimos meses, tinha
andado a ser cobarde (um pouco como Nicodemos foi), a esconder-me daquilo que
era inevitável encontrar.
Andava a viver num estado de apatia perante Deus (um estado
calmo, sem grandes questões existenciais) e penso que foi por isso que Ele me
“empurrou” para o Kerit, para que eu pudesse reaprender como falar com Ele.
Talvez tivesse sido mais fácil não ir, porque pensar, meditar, rezar, tudo isto
custa. Mas concluí que é um trabalho que eu quero ter, é um trabalho que me faz
sentir um ser humano melhor, todos os dias e esse é o melhor sentimento que
posso ter.
Sei que o objectivo de um retiro é “escaqueirar a casa”, ou
seja, fazer com que certo seja incerto, fazer as certezas desaparecerem,
obrigar-nos a pensar.
Também sei que a
única forma de mudarmos algo em nós é desarrumar tudo o que existe, partir
tudo o que há dentro de nós até encontrar o que está errado, para que depois
possamos juntar as peças que nos interessam criando um versão de nós mesmos que
nos agrada mais.
Assim, posso afirmar que não fui ao Kerit “escaqueirar-me”.
A verdade é que eu estava partida, insegura, cheia de
questões, enfim, estava “escaqueirada” antes e o Kerit veio colar com ouro as
peças que melhor se aproveitavam.
Fico então, grata a quem tornou o Kerit possível, porque ao
ter a coragem e a humildade de o fazer, ajudou-me a ter a coragem para me
recuperar, para me trazer de volta para mim mesma.
A gotinha Maria Babo
Muitas palavras mas nenhuma desperdiçada. Boa análise Maria :D
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