terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O Kerit da Babo


 

Já há algum tempo que sabia da existência do Kerit, mas nunca me tinha sentido capaz de fazer um retiro, achava que era preciso uma disponibilidade mental que não possuía.
Até que este ano, algo me empurrou para o Santuário do Menino Jesus de Praga. Era um sentimento de necessidade de parar a minha vida rotineira durante uns dias e voltar a fazer silêncio.
No entanto, foi na nossa primeira oração do Kerit que me apercebi de quão longe de Deus tinha andado durante os últimos meses, tinha andado a ser cobarde (um pouco como Nicodemos foi), a esconder-me daquilo que era inevitável encontrar.
Andava a viver num estado de apatia perante Deus (um estado calmo, sem grandes questões existenciais) e penso que foi por isso que Ele me “empurrou” para o Kerit, para que eu pudesse reaprender como falar com Ele. Talvez tivesse sido mais fácil não ir, porque pensar, meditar, rezar, tudo isto custa. Mas concluí que é um trabalho que eu quero ter, é um trabalho que me faz sentir um ser humano melhor, todos os dias e esse é o melhor sentimento que posso ter.
Sei que o objectivo de um retiro é “escaqueirar a casa”, ou seja, fazer com que certo seja incerto, fazer as certezas desaparecerem, obrigar-nos a pensar.
 Também sei que a única forma de mudarmos algo em nós é desarrumar tudo o que existe, partir tudo o que há dentro de nós até encontrar o que está errado, para que depois possamos juntar as peças que nos interessam criando um versão de nós mesmos que nos agrada mais.
Assim, posso afirmar que não fui ao Kerit “escaqueirar-me”. A verdade é que eu estava partida, insegura, cheia de questões, enfim, estava “escaqueirada” antes e o Kerit veio colar com ouro as peças que melhor se aproveitavam. 
Fico então, grata a quem tornou o Kerit possível, porque ao ter a coragem e a humildade de o fazer, ajudou-me a ter a coragem para me recuperar, para me trazer de volta para mim mesma.

A gotinha Maria Babo

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